quinta-feira, 27 de maio de 2010

O ser (e por quê)

É aquilo: aparentemente, eu não deveria ser mesmo professora, como carinhosamente me disse o/a colega que comentou na postagem abaixo. Discordo, porque não odeio a profissão. Não trombei com ela: quis o magistério de propósito. E, com os alunos noturnos do estado, nunca tive sofrimentos. Mais do que isso: mantive e mantenho uma relação afetuosa. Trabalham sim, precisam faltar muito mais sim, normalmente têm mais dificuldades para (re)aprender matérias esquecidíssimas no tempo. Sim. Além disso, há o famigerado salário – tão indecente que, para dizê-lo, seria preciso colocar no blog o aviso de "conteúdo adulto". Não me importa. No magistério, o estado ainda vale a pena pela sensação de que estar ali não é ser, automaticamente, odiado pelos alunos. Nada como alunos que não são obrigados a ser alunos.

No município, os estudantes são compulsórios. Consequentemente, desejam salvar-se de sua situação da única maneira que conhecem: evitando a aula, mesmo que para isso precisem torcer que seus mestres caríssimos sejam atropelados na esquina ou atacados por uma nuvem de gafanhotos. Não conseguindo evitar a aula, boicotam-na. Independentemente de se trabalhar numa "boa escola" ou numa comunidade brabeira, a sala de aula é um lugar violento. Lugar de rouquidão permanente (pois, se você tem a desvantagem de ser mulher e baixinha, de não de impor pelo físico, já entra tendo de fazer 97% de esforço a mais). Lugar de ameaças frequentes – a gasolina que faz os alunos se mexerem. Não, não é por amor que se dispõem a "aprender". É pela nota. Pelo medo de o responsável ir à escola. Pelo receio do grito do professor. Pelo simples pânico da consequência (a curtíssimo prazo).

Por mais lotados que estejamos dos mais belos clichês educativos, das mais tocantes linhas da psicologia, dos mais exaustivos discursos de que a educação é a única saída para o país, tudo se esvai na primeira meia hora de desrespeito em sala, no primeiro momento em que um aluno o chama como a um cachorro ou o xinga como a um árbitro (e sua mãezinha). Fica a dica: os professores já sabem das vantagens da educação, já sabemos todos; falta, porém, quem se disponha a convencer os alunos disso.

5 comentários:

Inez disse...

Adorei seu post, você falou nele tudo o que é a educação.
Infelizmente os alunos esquecem que eles também fazem parte, ou melhor são os maiores responsáveis pela qualidade da educação.
Por mais que o professor ame seu trabalho, se dedique se o aluno não participar, fizer sua parte não tem como melhorar a qualidade.

Thamyzinha Iwasaki disse...

belo post, ser professor por mais que seje um profissão deslavorizada é exencial para a formação dos futuros cidadões^_^

ate o proximo port

to seguindo.

xau

Anônimo disse...

legal seu blog visite o meu tambem http://kernexzone.blogspot.com/

B` Guimarães disse...

mais um blog que está começando...
Bom futuro para você!

www.hipotenusa.tk

Alan Medeiros disse...

boa sorte nesse seu blo, tem tudo para dar certo
abraço e sucesso
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