quinta-feira, 3 de junho de 2010

O quereres


Não é que eu não saiba o que fazer para controlar uma turma. Sempre se descobre, após uns dias de teste. Com a maior parte das turmas (isso confessado por eles mesmos), o lance é gritar. O máximo possível para a frequência humana. Claro que gostaríamos todos, com boa vontade pedagógica, de dar aulas harmônicas, ternas e felizes. Muito infelizmente, aluno é um bichinho com tendências sadomasoquistas. Simultâneas. Curte atormentar o professor "bonzinho" e parece gozar ao descobrir sua dominatrix. Sim, senhora professora. Grite, grite, mais, mais. Assim eu obedeço, assim eu respeito. E assim nos violentamos o ano inteiro – recíproca e individualmente: nossa garganta indo pro brejo em plena terça-feira, nosso amado aluno concordando em participar apenas em clima de quartel diário. Quanto mais pesado o coturno do mestre, mais silenciosa e produtiva a aula.

É esquizofrênico, doentio e real. Os professores sabemos que o afeto puro, indubitavelmente mais eficaz, é recusado dia após dia. Tem de vir misturado no leite, no grito, como o remedinho salvador que o doente insiste em cuspir. Cada aula, por conseguinte, é a guerra, com 30 ou 40 boquinhas que se recusam a tomar o remédio, 30 ou 40 adversários na intenção e no barulho. O problema é esse: quem se dispõe a ir 25 anos, cada aula, cada dia, com o mesmo querer dominador, a mesma vontade furiosa que te faz resolver cada birra, matar cada briga, bronquear cada caderno incompleto, cada material faltante, cada olhar voador? É um querer longo demais, necessariamente longo demais. Nossas aulas vivem em ritmo canino: 50 minutos equivalentes a 6 ou 7 horas. Gasto excessivo de calorias. Uma vida inteira de força contida em 50 minutos repletinhos de fraquezas transbordadas. Ser professor é muito, muito comprido.

7 comentários:

Sequelanet disse...

Estranho que quanto mais o professor é "bonzinho" mas os alunos pisam nele! rs
Ser professor é muito complicado.
abs

*** I.C *** ** The One ** disse...

Gostei desse seu post... Me soou como um "voz da experiência"... Eu como futuro professor não sei o que vou encontrar... Mas acho que a questão não é ser autoritário, mas sim conseguir manter a atenção dos alunos e tentar de alguma forma manter a atenção deles de alguma forma, expondo algo criativo e que disperte o interesse e atenção dos mesmos... Não sei, sou apenas um sonhador com a teoria, voce sabe como é a prática... Mas caso meus planos e minha metodologia não deem certo. É bom ir encomendando a fiel 12 com munição de borracha e as granadas de gás lacrimogênio... Abraços.... E se possivel... Passa lá...

www.usbagui100futuro.zip.net

Carolinne Goes disse...

serei professora tbm...
sei q vai ser complicado, mas tbm tem seu lado benefico

Unknown disse...

ser professor e foda
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Anônimo disse...

a acho q os professores tem q ser legais

ae quando os alunos irritar e não obedecer acerta uma voadora neles e joga eles para fora da sala :D

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

oi Fernanda! sou prof. de Inglês... mas trabalho em um colégio particular e com ensino fundamental... confesso que é uma delícia, uma por ser uma matéria que interessa e outra porque trabalhar com crianças é algo totalmente apaixonante, ao menos pra mim. gostei muito de ler teu blog e refletir sobre uma realidade diferente da minha, mas tão presente entre os professores brasileiros, que faze parte da minha profissão. Entendo tuas angústias, mas gostaria de te dizer que, apesar de tudo o q tu escreves, no fundo tu és uma heroína... guerreira da educação, e acho que não é por acaso que sejas quem és, mesmo que aches que não és quem deverias ser hehehe.
Abraço, tô te seguindo! Continua postando, vamos trocar experiências.