quarta-feira, 23 de junho de 2010

Momento "quem me dera"


Ontem eu e Fábio fomos assistir a uma delícia politicamente incorretíssima, o colorido Kick-Ass – história de um sujeito que cisma de ser super-herói, apesar de ter tantos poderes quanto eu tenho conhecimento sobre as várias espécies de gimnospermas. Não, este post não é para dizer coisas inteligentes sobre o fato de nós (professores) também sermos heróis do cotidiano, etc. etc., e aquela adorável bobajada que só a Secretaria de Educação seria capaz de dizer. Longe disso. Saímos do filme ficcionalmente satisfeitos, mas por isso mesmo com a sensação de um buraquinho triste. Poderemos até escrever maravilhas sobre o longa em nosso blog conjunto, o Ultramuito (http://ultramuito.blogspot.com/), porém não teremos sido responsáveis pelo longa. Como o Fábio falou, às vezes cansa ficar sempre do lado de cá, na plateia, escrevendo sobre arte em vez de fazer arte. Recepcionando e digerindo o mundo em vez de acontecer nele. Tentando enfiar livros goela dos alunos abaixo, em vez de parir livros. Abocanhando histórias no lugar de fazê-las surgidas. Deixando-se ser, em vez de (definitivamente) o ser.

Kick-Ass vestiu um uniforme colorido, pegou a viola, botou na sacola e foi lutar. Simples assim. Por enquanto, nossos uniformes coloridos são o Ultramuito e o Quase Lugar. Mas tenho impressão de que ainda há muitas outras identidades secretas nossas andando por aí sem a gente.

9 comentários:

Edmilson Borret disse...

Fernanda,
Acredite-me: sua aspiração e do Fábio, por vezes (por muitas vezes, aliás), também é a minha. Pode parecer uma certa megalomania ou arrogância, mas é f*** mesmo só ser platéia. Como um herói trágico desavisado, acontecemos in media res mas na hora do clímax final, cadê palco, cadê coro, cadê platéia? Assim, não há catarse que se conclua... rsrs

Não que ser platéia não tenha lá seus encantos, mas que o palco/tela acalentaria, disso não tenho dúvida... Que vontade de ser Cecilia em "Rosa púrpura do Cairo"! rsrs

Pois, como disse o Oswaldo Montenegro, "metade de mim é platéia, mas a outra metade é canção".

Belo texto, como sempre!

Unknown disse...

Em relação ao filme, ouve-se maravilhas. Quanto às várias identidades, somos como esse pseudo-super-herói (fiz uma junção de palavras quase que inexplicável), temos vários sonhos, anseios e projetos, só não dá para ser tudo ou fazer tudo que desejamos.
Adorei o texto.
Até mais...

Unknown disse...

Uma vez me disseram que o crítico é aquele que não saber fazer, na hora eu achei graça, mas só na hora...

Quem observa, interpreta, ensina, está realizando obras de artes de uma forma indireta. Não terá os créditos em um livro ou em um filme, não terá status, mas é importante.

Por outro lado, contudo, é muito importante esse papel de criador, criar, seja o que for, seja arte, ciencia, teorias filosóficas. Criar é dar um pedacinho de s;i para o mundo e ser eternizado nele, para que outras pessoas, possam avaliar sua obra, sua composição musical, seu filme, seu livro, seu jeito de mudar um pouqinho o mundo...

Um abraço!

http://estevespensando.blogspot.com/

Daniel Silva disse...

eu não sou fã da veja nem boto fé nas matérias que saem nela, mas ouvi falar bem desse filme em outros lugares, quem sabe eu assista.

abraço

Alice Daniel disse...

Entender a arte ou usá-la de alguma forma em nossa vida, também é (quem sabe?)fazê-la.
Do complicado tirar-se o essencial também.

Joice Kelly disse...

Eu assisti o filme! Nao estava gostando muito no comeco, mas depois comecei a encontrar o sentido. O rapaz luta mesmo, contra a injustica, o abuso... bom filme

Marcus Alencar disse...

Estou morrendo de vontade de assistir o filme, como bom fã de histórias em quadrinhos que sou, mas ainda não tive a oportunidade para tanto. Concordo com a sua visão, sabe, pelo que já li sobre a história do filme, é assim mesmo. O personagem é uma representação desse desejo de ser mais do que um espectador, de sair da voz passiva para ativa em sua vida.
Muito legal

Sandro Batista disse...

Fernanda, li os comentários do filme no outro blog que vc citou, e como eu disse lá, fiquei curioso pra assistir (adoro uma comédia ao que me parece nesse estilo).
Assim como você, me pego por vezes a me perguntar se eu sou o cara que escreve no blog dedicado à Mangueira e ao samba, o que escreve no quimeras e querelas, o de humor ácido, se sou o cara que tem carne e osso, ou o que não tem carne e osso, mas que é uma carne de pescoço (rimou!). Já deixei de me preocupar com isso, e não me conformo ainda de ter constado que ainda não me conheço, embora eu considere que sou tão simples, que às vezes fico querendo me dar muita importância, buscando alguém dentro de mim que talvez nem exista, que seja apenas fruto das minhas aspirações. Uma coisa é certa, e quanto isso, não tenho dúvida: adoro não me conhecer direito, porque assim eu posso ser o que eu bem quiser na hora que bem entender! Acho que a vida assim é mais interessante!

Abração, gostei do blog, e vou seguir!

http://estacaoprimeiradosamba.blogspot.com/

Anônimo disse...

Interessante, fiquei curiosa para assistir.